ESTUDO DO USO DE SISTEMAS COMPACTOS MÓVEIS PARA OTIMIZAÇÃO DO DESAGUAMENTO DE LODOS DE FOSSAS E TANQUES SÉPTICOS VISANDO FACILITAR O SEU GERENCIAMENTO

Resumo: Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2007), ao realizar a Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios – PNAD, 57,4% da população urbana tem acesso à rede coletora de esgoto e, deste percentual, somente 30% do esgoto coletado recebe algum tipo de tratamento. Na maioria das vezes, o destino do esgoto não tratado são os corpos hídricos, o que constitui um sério problema, uma vez que no saneamento básico o maior desafio em termos da política continua sendo a ampliação da coleta e do tratamento do esgotamento sanitário e o combate à poluição hídrica (CHAGAS et al., 2010). A PNAD (2007) também informa que o uso de tanques sépticos como opção de manejo de esgotos em áreas urbanas é de 37,68% (68 milhões de pessoas) da população e em área rural 63,72% da população (12 milhões de pessoas), totalizando, portanto, 80 milhões de habitantes que utilizam fossas e tanques sépticos no Brasil.
Devido à grande utilização de fossas e de tanques sépticos no Brasil, geram-se quantidades significativas de lodo; porém, como há falta de monitoramento dos mesmos, as condições operacionais e o destino do lodo são geralmente problemáticos. O lodo retido no interior das fossas e dos tanques sépticos deveria ser retirado periodicamente de forma a manter a eficiência do sistema, entretanto, verifica-se que a limpeza dos mesmos processa-se de forma desordenada (BORGES, 2009). Para a correta disposição dos lodos é necessário o conhecimento das características qualitativas e quantitativas destes, pois o mesmo apresenta características próprias, levando-se em conta as atividades, costumes e padrão de vida dos usuários.
Nos tanques sépticos são gerados três efluentes: líquido, sólido e gasoso. O efluente líquido é caracterizado pelo esgoto com baixa concentração de materiais sedimentáveis e flutuantes, e apresenta odor desagradável, cor escura e grande quantidade de bactérias. O efluente sólido (lodo) é composto basicamente por água, material orgânico e inorgânico (JORDÃO e PESSOA, 2005). O efluente gasoso consiste nos gases gerados no processo de decomposição da matéria orgânica no interior das fossas/tanques sépticos.
Em se tratando de produção de lodo, a NBR 7229 estima a taxa de produção de lodo fresco (Lf) em até 1,0 L.hab-1.dia-1 para esgoto tipicamente doméstico (BORGES, 2009). Sendo que as unidades de tratamento UASB ou tanque séptico seguido de filtro anaeróbio geram 0,19 a 0,27 L.hab-1.dia-1 de lodo (JORDÃO e PESSOA, 2005).
Em lodos de esgoto, quatro diferentes tipos de água podem ser distinguidos de acordo com a forma de união com a partícula sólida (KOPP e DICHTL, 2000): água livre, que não está unida à partícula sólida e representa a maior quantidade em lodos de esgoto, podendo ser removida por simples ação gravitacional; água intersticial, que está unida fisicamente por forças capilares; água superficial, que está adsorvida na superfície das partículas sólidas e pode ser removida por força mecânica ou pelo uso de floculante. A aplicação de polímeros é bastante utilizada com a finalidade de formar flocos de modo a possibilitar maior disponibilização de água livre, contribuindo, portanto, para um desaguamento mais eficiente.
Ao se considerar a possibilidade do uso agrícola como disposição final de lodos provenientes do tratamento de esgoto doméstico, verifica-se que os mesmos contêm vários elementos essenciais às plantas, como o carbono e os nutrientes nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre (macronutrientes) e cobre, ferro, manganês, zinco, boro, molibdênio (micronutrientes) (MELO e MARQUES, 2000). Entretanto, deve-se lembrar que esses elementos encontram-se em concentrações maiores no lodo do que o requerido pelo solo e pelas culturas, e que os mesmos deverão ser submetidos a processo de redução de patógenos e de atratividade de vetores, conforme a legislação CONAMA nº 375/2006, que regulamenta o uso agrícola do lodo de esgoto.
No tocante à logística, deve-se levar em consideração as particularidades relacionadas à coleta, ao transporte, e à descarga do lodo, como também à grande heterogeneidade de tipos de caminhões empregados para esse fim. Constata-se, porém, que ainda não foi definida a forma mais eficiente de se realizar a coleta de lodos provenientes de fossa/tanques sépticos.
Neste contexto, esta pesquisa visa contribuir com informações a respeito de particularidades qualitativas e quantitativas dos lodos de fossas e tanques sépticos, buscando formas eficientes de desaguar o lodo com vistas a facilitar o processo de gerenciamento.

Data de início: 2012-02-01
Prazo (meses): 24

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador Ricardo Franci Gonçalves
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